Dez dias depois da publicação de sua crônica Bodas de Ouro, Maria Cottas faleceu subitamente, deixando a todos surpresos e desolados, principalmente os que tinham compartilhado, dias antes, duma reunião comemorativa do 50º aniversário de seu feliz consórcio.
Desfrutando de um largo círculo de relações, vivendo intensamente a vida, neste escrito, a autora confessa-se surpresa com a rápida passagem dos cinquenta anos de sua vida de casada, na companhia de seu extremoso marido e entes queridos “(...) porque não vivemos só a nossa vida, mas a de nossas filhas e até a de nossos netos”.
Escreve, então, a primeira grande verdade: Tudo passa na vida! Numa predestinação de quem estava vivendo seus últimos dias.
Logo depois, a segunda verdade: A vida cheia de surpresas, como a prevenir-nos que, em breve, a vida nos proporcionaria o momento de a reconhecermos em sua cruel determinação.
Procurou dissipar esta sombra de tristeza, remontando à sua vida de lutas, acentuando que “na união conjugal o elo mais forte é a compreensão” e frisando que “o idealismo espiritual conforta e retempera o espírito”.
Depois de reconhecer a felicidade que é a realização do ideal “formando uma família que só alegria e consolo nos tem dado”, volve seu olhar amoroso para as quatro filhas “que se fizeram mulheres e nos deram preciosos netos”.
Ao final, confessou que as emoções daquela noite festiva, o encontro de antigas amizades, “nos comoveram profundamente, numa exteriorização da sensibilidade de sua alma emotiva.
Mas, Bodas de Ouro é apenas sua última crônica. O livro contém ainda outras 56, de grande beleza moral, que também merecem ser lidas.
Ao impacto de sua morte inesperada, foram, escritos os artigos que aparecem no final do livro, numa Homenagem Póstuma à querida ausente.
Fizeram bem os editores em reuni-los aqui, retirando-os da vida efêmera dos periódicos para a glória das bibliotecas.